domingo, 30 de março de 2014

A Saga de Gustavsson - Primeiro Capítulo

"Melhor momento do dia." Esse pensamento invadia a mente de Gustavsson enquanto ele bebericava seu chopp. Dentro de sua rotina meticulosa, a saída do trabalho sempre era e é sucedida por uma passagem no bar de sempre, onde gosta de sentar-se sempre no mesmo lugar. A cadeira perto do balcão, ao lado da máquina de chopp era o paraíso para Gustavsson. Realmente o rapaz que com 29 anos beirava a chegada dos 30, já tinha uma essência idosa. Era tão sistemático e detalhista que enxugava o bilau com cotonete após o banho. O chopp sempre tinha que ser servido com apenas um dedo de colarinho, altura de mão horizontalizada, . Xing Lui, o balconista , sabia do gosto do cliente, e quando entediado divertia-se servido um colarinho aquém das rígidas especificações do bebericão, apenas para sentir seu tímido desconforto em alertar sobre a falha.

A iluminação fraca do ambiente proporcionava ao rapaz um pouco da invisibilidade social de que tanto gostava. Parece que todos naquele lugar, o Royal, buscavam pela mesma coisa. Ao som de sucessos pop internacional dos anos 80, a interação social era mínima. Pouco se conversava. O Royal realmente era um lugar cinzento, porém, tranquilizador.

Hoje Gustavsson tinha companhia daquele tipo de amigos em que o silêncio não causa incômodo. Ferdinando trabalhava com Gustavsson desde que ambos tinham 20 anos, na mesma empresa em que eles, por brincadeira, um dia diziam que iriam presidir. Eram bons amigos e frequentavam a casa um do outro. Augusto não era tão chegado assim, porém, a companhia do senhor mais velho de 41 anos estava longe de ser desagradável. Augusto era recém chegado na firma e realmente era um boa praça. 

Ali, no Royal, passaram umas boas duas horas bebericando e conversando sobre amenidades, colegas de trabalho e batalhas esportivas. Mulheres também rondavam a resenha, e algumas moçoilas presentes no bar realmente eram umas tetéias, o que chamava a atenção de Gustavsson, o único solteiro entre os três. O Royal, mais cheio do que de costume, os viu sair satisfeitos com aquela leveza de espírito que o álcool, com moderação, garante. Despediram-se ao som de Down Under, do Men At Work. Entre sorrisos verdadeiros e quentes tapas nas costas, cada um seguiu seu caminho, na noite azul escura.

Gustavsson seguiu para sua casa. Esperava-o Fintroll, seu pequeno Bulldog, que o esperava abrir a porta para presenteá-lo com um maremoto de carinhosa baba. Com algo nos lábios similar a um sorriso, nosso herói rumava para o lar, sem imaginar que aquela noite no Royal mudaria toda sua vida. Era sem dúvida, o começo do resto de seus dias.

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